O Don Juan e a Filhinha do Papai

Segundo os ensinamentos de Bert Hellinger, criador das constelações familiares, existe algo que deve ser renunciado dentro de nós para que o relacionamento de casal possa ser bem sucedido. O amor entre parceiros exige a renuncia ao nosso primeiro e mais profundo amor: o amor por nossos pais! Quando não é possível essa renuncia, por ainda ser muito doloroso sair da esfera do amor dos pais, os homens assumem comportamentos de conquistadores, agem como “Don Juan” e as mulheres se tornam as “filhinhas do papai”.

Quando pequeno, o menino vive sua primeira infância dentro da esfera da mãe. Sob a influência da mãe, poderá se tornar um grande sedutor, mas jamais será um homem que aprecia as mulheres sendo incapaz de manter um relacionamento afetivo duradouro. Também não será um homem forte e dedicado para seus próprios filhos. Para que a transformação “mental” de menino para homem ocorra, é necessário renunciar o mais profundo amor de sua vida – a mãe – passando para a esfera de influência do pai. Somente depois que o apego do menino, afetuoso ou rancoroso a mãe se resolve, ele pode se dar inteiramente à parceira e ingressar na masculinidade.

A menina também ingressa na vida sob a influência da mãe, mas experimenta o feminino e a atração do masculino de forma diferente. O pai a fascina, e se tudo vai bem, ela consegue aprimorar a arte de atrair os homens na firme segurança do amor paterno. Porém, se permanecer nessa influência paterna passa a ser a “garotinha do papai”. Ela pode até amar alguém, mas não se torna uma mulher, não consegue alcançar a sua maturidade plena e tem dificuldades para se relacionar em igualdade de condições com o parceiro ou ser uma mãe generosa e dedicada. Para que se torne mulher, a menina precisa abandonar o primeiro amor de sua vida – seu pai - e assim romper os laços que a fazem crer que ele é o melhor parceiro para ela, e dessa maneira se reaproximar da mãe.

Se o homem continuar a ser um filho em busca da mãe e a mulher continua a ser uma filha em busca do pai, suas relações podem até ser intensas e afetuosas, mas não experimentarão os relacionamentos como homem e mulher adultos, pois esse relacionamento estará baseado na busca inconsciente de que com esse novo relacionamento ganharão algo que não receberam de seus pais. É possível verificar que nesse tipo de relacionamento um parceiro insiste em tratar o outro como filho, mãe ou pai. A união bem sucedida do casal exige o sacrifício e a renúncia de nossos antigos vínculos com os pais.

Carolina Palma Priotto
Constelação Sistêmica Familiar Individual e em Grupo
Foz do Iguaçu e Santa Terezinha De Itaipu

(45) 99969-8549

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